Monday, May 14, 2007

Desassociado aos 91 anos de idade


Em Busca da Liberdade Cristã, páginas 355-7


Uma vez que toda ação de desassociação será relatada ao escritório da organização, ela não é insconsciente do que acontece. O patético caso de Percy Harding ilustra isso, pois ocorreu às portas da sede internacional [da organização].



Em 1910, quando tinha cerca de 25 anos, Percy, um nativo do Canadá ocidental, iniciou a leitura dos escritos do Pastor Russel e em seis meses já tinha lido umas 3.000 páginas de material. Ele resignou-se da igreja Protestante da qual era membro e encontrou-se totalmente sozinho em sua nova crença entre as pessoas do seu vilarejo. Ele começou a "testemunhar" e formou dois grupos na região e presidiu batismos num rio próximo. Ele escreve:



"Em 1918 eu abandonei um bom trabalho para ser colportor [antigo nome para pioneiro]. Meu território cobria centenas de milhas quadradas, a maioria ao longo de ferrovias, desde o sul de Alberta até a costa do Pacífico. Eu também cobria o território do país à pé, carregando duas pequenas bolsas de livros. Muitas vezes eu andava tanto quanto 15 a 25 milhas por dia."



Após sete anos de atividade, em 25 de maio de 1925, ele foi à Brooklyn, Nova York, para servir na sede da [Sociedade] Torre de Vigia. Cerca de quatro anos depois, a atitude desenvolvida sob a presidência de Rutherford, e a conduta de alguns que exerciam superintendência, deixaram Percy decepcionado. Em 1929 ele terminou seu trabalho na sede central.



Apesar disso, ele permaneceu associado e ativo na mesma congregação em Brooklyn pelos próximos ciqüenta e seis anos. Sobre o que aconteceu ele escreve:



"Desde maio de 1925 até dezembro de 1981 eu permaneci na mesma congregação até eu ser desassociado por conversar sobre a Palavra de Deus com alguns de meus amigos. Isto é inacreditável e, na medida que a Sociedade esteja interessada, uma proeza vergonhosa. A comissão judicativa tinha uma carta de outro corpo de anciãos de uma congregação diferente. Eles haviam desassociado um amigo meu. Eles o questionaram minuciosamente a respeito das pessoas que haviam conversado sobre a Bíblia. Ele cedeu e os contou, mencionando meu nome entre outros. Então esta carta dos anciãos, incluindo coisas que eu e outros havíamos dito, foi apresentada à mim, requisitando que eu comentasse sobre ela. Eu disse à comissão que não tinha nada a declarar, que aquilo que havia entre mim e meus amigos era estritamente assunto particular e não interessava a ninguém. Eles me prometeram uma cópia da carta, mas nunca a recebi.Então eles começaram a fazer perguntas, a mais importante era, "Você acredita que a Sociedade é a organização de Deus e que ela está produzindo a verdade?" Então eu disse, "não há nada na Palavra de Deus indicando que Deus tenha usado uma organização para produzir verdade. Desde Moisés, passando por todos os profetas até João e a Revelação, sempre foi com indivíduos."Ocorreram três reuniões com a comissão, a última foi em Betel. Na noite que fui desassociado, Harry Peloyan [um membro de longa duração da equipe de redação da Sociedade] fez um discurso no Salão do Reino, persuadindo uma acusação que nem foi discutida em qualquer das reuniões da comissão, sobre quebrar a unidade da congregação. Ele aplicou mal 2 João 10,11, ao instruir 175 pessoas para cortar associação comigo. Após a reunião cada um despistava, passando por mim como se eu fosse um leproso."



Percy estava com 91 anos e com a saúde ruim. Ainda que alguém considerasse seu entendimento de certas passagens da Bíblia como correta ou mal-entendida, o fato é que a questão foi levantada, não porque ele estava criando distúrbio, algo que seria congregacionalmente evidente, mas por causa de conversas particulares com amigos. Ninguém na congregação queixava-se dele como um "agitador" e a questão foi levantada apenas como resultado de uma carta de outra congregação que iniciou investigação e interrogatório pelos anciãos sobre comentários particulares entre amigos. (Compare com a acusação contra Paulo e sua defesa em Atos 24:5-13) Numa viagem ao nordeste em 1982 eu visitei Percy Harding em sua casa na 6th Street em Brooklyn. Ele sentado, aparentemente minúsculo naquela enorme cadeira, um homem aparentemente frágil e pequeno obviamente enfraquecido pela idade e doença.


Eu me pergunto como alguém em sua sã consciência poderia ver uma pessoa assim, sem posição ou influência particular, como constituindo um perigo que, apesar de setenta anos de associação, tenha sido extremamente necessário a sua desassociação e ter todas as suas relações cortadas porcolegas de sua vida. Creio que uma organização deva ser extremamente insegura de si mesma, sentindo um incrível senso de vulnerabilidade, para considerar tal homem idoso e frágil como uma ameaça. A respeito do efeito que sua desassociação teve nas circunstâncias pessoais, ele escreve:



"Antes disso havia duas enfermeiras [Testemunhas] que me visitavam, quase toda a semana. Elas faziam algumas coisas para mim que eu era incapaz de fazer por mim mesmo, e, mais importante, elas vinham se eu precisasse delas. Uma vez que eu faria 92 anos em 18 de agosto, quem saberia quando uma emergência ocorreria? Após minha desassociação, eu telefonei a uma das enfermeiras. Seu marido respondeu ao telefone e disse, "Ann não está autorizada a falar com você." Deixe-me lembrar novamente que a única coisa que os anciãos tinham contra mim era que eu havia falado a alguns amigos sobre a Bíblia."



Nas minhas conversas com Percy eu achei ele um homem de fala direta e objetiva. Ele bem que poderia ter sido áspero nas suas discussões com os anciãos que o julgaram. Mas ainda que ele tenha sido mais áspero - ou sido cáustico, mesmo briguento - como poderia justificar o rompimento de relacionamento para com um idoso de 91 anos, sozinho, doente, sem parentes a centenas de milhas de distância, sem escrever para ele, ao longo de seus mais de setenta anos de ativa associação, e ser agora ignorado e esquecido? Qual crime hediondo que ele cometeu para justificar isso? Acho difícil entender como alguém que afirma ser discípulo do verdadeiro Pastor do rebanho, Jesus Cristo, participasse em tal ação, algo que minha mente descreve não mais do que sem coração. Mais ainda, conforme dito, isto aconteceu bem perto, "às portas" da sede mundial da Sociedade Torre de Vigia.



Percy é falecido, tendo morrido durante seu sono em 3 de fevereiro de 1984. Durante os vinte e cinco meses que seguiram sua desassociação, nem uma única pessoa da congregação na qual ele se associou por 56 anos veio até ele ou para saber de suas necessidades.

Thursday, May 10, 2007

Mais informação sobre o Acordão

Em face das derrotas acumuladas na Corte do Condado de Napa, Califórnia, em que deveria mostrar documentos e banco de dados contendo os nomes de pedófilos citados nos processos, a Sociedade Torre de Vigia viu-se entre a cruz e a espada: ou forneceria a documentação exigida pela Corte, ou levaria sua apelação à Suprema Corte dos EUA, correndo o risco de ser ainda mais exposta na mídia como protegendo direitos de pedófilos (estupradores de crianças). Então, aconteceu o que menos se esperava da Sociedade Torre de Vigia: um ACORDO milionário com as 16 vítimas envolvidas e a suspensão dos processos.

http://br.geocities.com/rosazul_documentos/napa02.html

Sunday, May 06, 2007

Acordo para trancar ações de pedofilia

Notícias vindas do Jehovah's Witnesses Discussion Forum falam a respeito dos processos de pedofilia relacionados com o caso Charissa W. vs Watchtower envolvendo diversas vítimas de ataque de pedófilos em congregações das Testemunhas de Jeová. Após ter acumulado 2 derrotas em tentar trancar a ação, a Watchtower resolveu da maneira mais fácil: molhar a mão das vítimas e silenciá-las de vez, fazendo um "ACORDÃO". Em troca, as vítimas retiram o processo contra a Watchtower.

Leia a discussão: http://www.jehovahs-witness.com/11/133819/1.ashx

Coincidentemente nas últimas semanas foi noticiado através do jornal Brooklyn Eagle a venda de 6 propriedades do grupo Watchtower.

http://www.brooklyneagle.com/categories/category.php?category_id=5&id=12562

Estaria a venda relacionada com a maneira de angariar fundos necessários para o ACORDÃO?
Não é a primeira vez que a Watchtower faz um acordo com uma vítima de pedofilia para dar fim a um processo civil. Ela tentou fazer isso no Caso Vicky Boer vs Watchtower. Naquela ocasião, Vicky negou o acordo e seguiu com o processo... e ganhou e perdeu: ganhou o processo, mas por causa de um detalhe jurídico, teve de pagar a outra parte das custas do processo.

Será o ACORDÃO uma pá de cal na questão da pedofilia entre as Testemunhas de Jeová?De jeito nenhum!

Mesmo com o ACORDÃO, não se invalidará aquele entendimento da Corte de Napa sobre a não aplicação do argumento da Watchtower, a saber, que as informações numa comissão judicativa seriam dados protegidos pela relação advogado-cliente e clérigo-penitente.

Além do mais, a atitude do ACORDÃO revela mais uma vez que a Watchtower é uma religião igual às outras religiões, tal como a Igreja Católica: dá um bom "cala-boca" e abafa o processo.

Thursday, May 03, 2007

Atitude dos "amorosos" anciãos

Em Busca da Liberdade Cristã, páginas 353-4:

De uma natureza totalmente diferente, mas ilustrando a mesma atitude, é o caso de George West em 1982, uma idosa Testemunha associada com a Congregação Maynard das Testemunhas de Jeová em Massachusetts. Ele desenvolveu câncer nos ossos e na época deteriorou-se ao ponto de requerer hospitalização como um caso terminal; sua cabeça era sustentada num suporte arranjado uma vez que as vértebras do pescoço não suportavam mais o peso da cabeça.
Os anciãos locais ouviram dizer que George West submeteu-se a uma transfusão de sangue e fizeram inúmeras tentativas em conversar com ele, apesar de sua extrema condição e contra a vontade de sua esposa. Finalmente, numa noitinha eles tiveram sucesso, conseguiram ver seu marido e sob interrogatório ele reconheceu ter aceitado a transfusão. Sua razão? Seus filhos de um casamento anterior souberam que ele estava morrendo e telefonaram dizendo que viriam do meio-oeste para visitá-lo no hospital. Ele não via estes filhos desde a infância. Ele decidiu tomar a transfusão para extender sua vida um pouco mais a fim de reunir-se com seus filhos.*
Os anciãos desassociaram George West alguns dias antes de sua morte.

*nota: Estes fatos foram impressos numa carta ao editorial do jornal Concord Monitor de 8 de dezembro de 1984. Ninguém os refutou, e nem poderia.